Chico Alves
Colunista do UOL
18/05/2021 13h36
Definitivamente, o governo e o Congresso não vão ter facilidade para aprovar a reforma administrativa do jeito que está. Uma amostra disso é a iniciativa inédita da Associação Nacional de Delegados da Polícia Federal (ADPF) e da Federação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (Fenadepol), que começaram no sábado, 15, campanha de anúncios no rádio e na TV (incluindo canais abertos) com duras críticas à proposta atual.
Na peça, um homem de paletó surge em um ambiente escuro para dar o recado: “A Polícia Federal, uma das instituições mais respeitadas pelos brasileiros, está sob ameaça”.
O personagem relaciona a seguir os fatores que levam a tal conclusão: congelamento de investimentos na PF e contratações por até 15 anos; mudança no regime de estabilidade dos delegados e na liberdade para investigar e, por fim, a ideia de “indicar gente de fora” para dirigir o órgão.
Um ponto importante de crítica é a sugestão que está no texto da reforma de criar a figura de agente e delegado temporários, que seriam uma espécie de trainee, sujeita a demissão após período probatório. Além de sujeitar esses servidores a pressão política, dará a responsabilidade de conduzir investigações a policiais que depois poderão não estar na instituição.
“A associação realmente está preocupada com os efeitos da reforma administrativa em um órgão de Estado, como a Polícia Federal”, reitera Edvandir Paiva, presidente da ADPF.